CAMPANHA DE TRÂNSITO

Em breve a 2ª Carreata em Memória às Vítimas de Acidentes de Trânsito em Londrina.

Nosso foco maior é trazer a memória daqueles que partiram. No Brasil, aproximadamente 50 mil pessoas morrem anualmente, fora os que ficam mutilados, acamados e com sequelas”, menciona Valdir de Oliveira Nascimento, do Núcleo de Apoio às Vítimas de Trânsito em Londrina, do Cedetran (Centro Intersetorial de Prevenção de Acidentes de Trânsito no Paraná). Atualmente, o núcleo atende 298 famílias que precisam de apoio, seja psicológico ou social, de forma voluntária.

Sobrevivendo para conscientizar

A 1ª Carreata em Memória às Vítimas de Acidentes de Trânsito, em Londrina, contou com a presença do empresário Rogério Lacerda, que deu seu testemunho sobre sobreviver a acidente grave, em 2008, que o fez perder um braço e uma perna. “Eu saí do hospital com a cabeça para a frente. Hoje, meu intuito é ajudar pessoas que passaram por essas situações, como perda de membro, de um ente querido, e falar que a gente ainda pode salvar algumas pessoas através da conscientização”, menciona.

O empresário Rogério Lacerda fala sobre seu acidente em 2008

O empresário recorda que estava com grupo de motociclistas no dia em que sofreu o acidente. “Foi grave, eu estava em uma motocicleta potente na rodovia. A pessoa que bateu em mim estava completamente errada: embriagada, não tinha carteira de habilitação, com carro emprestado, já tinha um homicídio de uma criança que ele atropelou e era deficiente visual de um olho, mas eu também estava errado, porque eu estava a 270 km/hora e numa velocidade dessa não dá para pensar em nada”, confessa.

Com a batida violenta, o motociclista perdeu o braço no local do acidente. Ele foi socorrido por uma ambulância e por médicos que participavam do grupo de motociclistas e foi atendido no hospital de Arapongas, que ficava a 500 metros do acidente. “Cheguei no código quatro na porta do hospital, ou seja, morto. Ali me reanimaram, fizeram todos os procedimentos, minha perna estava perfeita, mas precisou ser amputada três dias depois”, relata.

Lacerda ainda se emociona quando conta sobre o momento que acordou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). “Eu olhei para o meu lado esquerdo não vi meu braço, eu vi um pedaço do meu corpo enfaixado, e olhei por cima da minha barriga e não vi minha perna. Eu tive um sonho, Deus me mostrou. E eu acordei daquele sonho muito alegre, feliz e eu chorei de alegria, porque Deus me dava ali mais uma chance”, relata com a voz embargada.

Para ele, o acidente foi a possibilidade de uma transformação de vida e oportunidade de falar para mais pessoas sobre o cuidado no trânsito. “Eu levanto essa bandeira por um trânsito menos violento, para que não se misture bebida com volante, para que as leis sejam pouco mais duras com relação a isso. Os maiores acidentes são por alta velocidade junto com bebida, meu caso foi esse, eu não estava bêbado, mas a pessoa que me atropelou estava”, argumenta.

O evento faz parte do Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de Trânsito, lembrado todos os anos no terceiro domingo do mês de novembro. Por causa das eleições municipais, a ação foi adiantada para este domingo na cidade.

 

Londrina tem carreata em memória às vítimas de trânsito

Nosso foco maior é trazer a memória daqueles que partiram. No Brasil, aproximadamente 50 mil pessoas morrem anualmente, fora os que ficam mutilados, acamados e com sequelas”, menciona Valdir de Oliveira Nascimento, do Núcleo de Apoio às Vítimas de Trânsito em Londrina, do Cedetran (Centro Intersetorial de Prevenção de Acidentes de Trânsito no Paraná). Atualmente, o núcleo atende 298 famílias que precisam de apoio, seja psicológico ou social, de forma voluntária.

Só no Paraná, quase 20 mil pessoas foram indenizadas pelo seguro obrigatório DPVAT, em 2019, de acordo com o relatório anual da Seguradora Líder. Em Londrina, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) já registrou 2.527 acidentes no trânsito até outubro de 2020, 55 foram a óbito.

Em outros países, esse é um evento muito forte que faz com que haja uma participação da população, tanto cobrando ações efetivas do poder público para diminuir acidentes, como cobrando dos motoristas e pedestres para que cumpram as leis de trânsito e evitem os acidentes, porque eles são evitáveis. Há correntes que defendem que não deveríamos dizer ‘acidente’, porque acidente é tudo aquilo que não é evitável”, argumenta o major Sérgio Dalbem, diretor de trânsito da CMTU.

O diretor alerta para as estatísticas na cidade, apontando que até agora Londrina registrou 177 atropelamentos com 17 óbitos. Em 2019, foram mais atropelamentos, 288, mas com menos mortes: 14. “O que nós percebemos é que há um excesso de velocidade, as pessoas precisam compreender que circulando em uma via acima de 50 km/h já se torna difícil evitar um acidente”, afirma.Londrina tem carreata em memória às vítimas de trânsito

A carreata organizada pelo Cedetran saiu da avenida Saul Elkind, próximo ao Terminal Vivi Xavier (zona norte), às 9h30, em direção ao estacionamento do Londrina Norte Shopping. A modalidade carreata foi escolhida por questão de segurança diante da pandemia do novo coronavírus.

 

Essa é a primeira carreata em Londrina e do Paraná, mas é um evento que já existe em outros estados. Nossa proposta é trabalhar com a prevenção, poder alcançar mais pessoas na conscientização”, menciona Claudio Augusto, diretor presidente do Cedetran.

Quem esteve presente comenta a importância de abordar o assunto entre familiares e amigos. “Eu participo do moto-clube evangélico Águias de Cristo e vim participar do evento, dar uma força. Eu já sofri acidente, coloquei placa no punho por imprudência de um motorista que não parou na sinalização indicada”, revela Diogo Moya, 42. O motociclista levou o filho de 10 anos para acompanhar a carreata. “Já mostro a importância para ele de se conscientizar, eu estou sempre falando para ter cuidado, olhar quando for atravessar a rua, estamos sempre educando”, acrescenta.

Diogo Moya levou o filho para participar da carreata

Diogo Moya levou o filho para participar da carreata | Lais Taine

A 4ª Companhia Independente da Polícia Militar também esteve presente na carreata. “Toda ação de prevenção em relação a acidentes de trânsito, a 4ª CIA e a PM (Polícia Militar) do Paraná se envolve, porque a prevenção tem relação direta com o nosso trabalho”, menciona o major Marcos Tordoro. O evento ainda contou com apoio da CMTU, 2ª Companhia da Polícia Rodoviária Estadual, Guarda Municipal de Londrina, Corpo de Bombeiros e da Honda Blokton Londrina.